quarta-feira, 13 de junho de 2007

Medo I


Existe determinada época da vida que temos que começar a traçar metas, e nesses momentos temos que pontuar as vantagens de se atingir essa meta, mas também as dificuldades que encontraremos para alcançá-las.

Hoje me peguei fazendo isso: determinando metas para minha vida! Confesso que foi desestimulador, não consegui pensar em nada, tudo que pensava me entusiasmava inicialmente, e quando ia pontuar as dificuldades desanimava amassava e jogava o papel fora.

No entanto consegui chegar em algum lugar, nem tão bom assim, mas um medo que eu tenho. Sim medo, medo de me confrontar novamente com minha família como no passado, em momentos que estava em fase maníaca. Era momentos de terror que eles viviam comigo. Engraçado que eu não brigava, mas passava noites e mais noites na rua, em baladas, casas de amigos, sem dar notícias onde eu estava. Gastava horrores de dinheiro com essas “aventuras”.

Bebia escondido, e muito, alguns paqueras, também, escondido, porque certamente eles teriam defeito, como todos os meus amigos tinham, alguns namorados que apresentei, como eu tinha defeitos para eles – meus pais. Minha irmã sempre ficou afastada, vivia um mundo, eu acho, parecido com o meu, cada uma na sua. Eu fazia cursinho e depois faculdade, e ela trabalhava e depois casou.

Do meu pai eu não tinha medo, pois sabia que ele não se dirigia a mim jamais para brigar, nunca o fez, mas em compensação minha mãe, com a língua felina dela, detonava qualquer um, sempre tentou impor suas vontades a todos, e para mim isso era detestável, inaceitável. Sempre fomos muito diferentes, ela muito família e eu muito preocupada em estudos, em amigos. Afinal fui criada longe de tios, avós, primos, pois morávamos em outra cidade.

Sempre entramos em atrito eu e minha mãe, ela queria que eu fosse como minha irmã, fizesse o que ela queria, contasse tudo para ela, e eu jamais fiz isso. Por causa disso sempre levantei suspeitas dela quanto a minha conduta, ela sempre desconfiou de mim. As vezes quando cismava falava onde ia e ela ou ia atrás ou ligava para confirmar se eu estava realmente onde falei, e até hoje é assim, mesmo eu com 29 anos.

Esse “confronto” acontecia por que sentia uma diferenciação no tratamento com minha irmã, pensava que era coisa da minha cabeça, mas hoje vejo que não é não, há uma certa preferência dos meus pais pela minha irmã, que é mais velha. Certamente o fator determinante para isso foi minha personalidade, e pela minha aproximação com minha madrinha, hoje já falecida.

Minha madrinha eu chamava de mãe, e minha verdadeira mãe, tinha ciúmes de nós duas, mas minha madrinha me dava colo, me beijava, me abraçava sem motivo especial, e de meus pais só em datas especiais como aniversários e festas de final de ano. Quanto ao meu pai acredito que a aproximação dele com min há irmã se deu num primeiro momento por receio da minha mãe ( ela cismava que ele tinha algo com minha madrinha que era idosa), e posteriormente, pelo fato da minha irmã ter dado o primeiro neto a ele, o menino que ele tanto desejou um dia.

Queria ter uma família mais unida, a qual eu pudesse dizer eu te amo, abraças, beijar como vemos em novelas, mas aqui não tem jeito já tentei e fui reprimida por isso. Mesmo assim moro com eles, com toda a desconfiança que eles tem de mim, com toda solidão que sinto.

Cogitei já sair e morar só, mas tenho receio de me sentir mais só ainda, já sai de casa uma vez a trabalho, e não deu muito certo, foi um caos, não conseguia administrar a casa, minha vida, além da pressão do trabalho.

Não sinto que eles não gostam de mim, absolutamente, mas há uma preferência pela minha irmã, e o jeito de gostar/amar deles é frio, secos, afastados. Acostumei viver nesse distanciamento, as vezes os olho e sinto uma tristeza, mas penso em algo alegre e fica tudo na mesma.

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