terça-feira, 5 de junho de 2007

Retraimento

Ingressei na escola com apenas 3 anos de idade, minha mãe e madrinha decidiram me colocar na escola devido ao falecimento de uma avó que eu passava o dia com ela, para não estranhar a ausência dela me colocaram na escola.

Naquela época escola pública tinha o jardim, o que hoje corresponde ao primeiro, segundo e terceiro período. E lá ia eu todas as manhãs, com minha mãe e irmã para a escola que ficava no final da rua onde eu morava.

Eu era muito pequenina mas me lembro que no horário do recreio, quando estávamos lanchando, olhava em volta e não via ninguém familiar, só a “tia” e meus amiguinhos, parecia que o mundo girava ao meu redor, as pessoas iam e vinham no meu olhar, eu ficava apavorada, queria fugir dali e abraçar alguém conhecido, familiar, então em desespero eu chorava.

Então a “tia” me levava para a sala da minha irmã, que estava na época, na terceira série da mesma escola, então eu me sentava do lado dela, ficava desenhando até a hora da saída dela.

Quando ela ia fazer o dever de casa, eu acabava a ajudando, lembrava o que a professora dela havia dito em sala e repetia a ela, apesar de falar muito errado, mas falava o que a professora dela havia dito. As palavras daquela professora não me saiam da mente, era algo que assustou muita gente, inclusive na escola.

Encaminharam-me para uma psicóloga e esta não detectou nenhuma anormalidade. Então fui “liberada”. Essa fase durou dois anos. Até que minha mãe inventou um remédio: água com açúcar – eu não sabia o que era, mas não me fazia chorar. Porém eu me destaquei na classe do jardim 3, pois já conhecia as letras, os números, etc. meus amiguinhos com então 6 anos e eu com 5 anos, a mais nova e a que sabia mais, isso me confundia pq eles não sabiam e eu sabia. Era confuso para minha cabeça, me sentia diferente, sentava sozinha numa mesa ao lado da professora por opção, e na hora das brincadeiras eu não brincava, ficava só olhando, se alguém insistisse eu chorava, passava mal.

Fobia social provocada por diferença de conhecimento, e tenho isso até hoje, não consigo manter um diálogo saudável com alguém sem um nível de conhecimento como o meu, parece arrogância, mas acabo me retraindo e passando por antipática (sem querer impor nada, mas por ficar calada), tímida, seca. Não tenho preconceito, aprendi muito com pessoas analfabetas coisas sobre a terra, etc, mas eu tenho esse bloqueio de me retrair.

Insônia

Você já se perguntou por que tem insônia?

Quando eu tinha oito onze anos de idade morava numa grande capital, porém numa pequena casa, que se restringia a quarto, sala, cozinha e banheiro.

Morava eu, meus pais e uma irmã, com quem eu dividia o quarto. Foi uma infância humilde, sem muito luxo, mas feliz. Estudava, tinha muitos amigos, morávamos perto de uma subida de um morro, mas naquela época ainda era calmo.

Meus pais dormiam no chão da sala, pois a casa havia só um quarto. Minha irmã é mais velha do que eu cinco anos e nessa época, ela já começava a sair para os famosos HI-FIs, e eu deitava na cama de baixo do beliche e ia dormir.

Numa certa noite que minha irmã não estava, eu demorei a dormir e pude ouvir meus pais em um de seus momentos íntimos, os gemidos não me deixavam dormir, as palavras que ouvia, era torturante, não por nojo, algo assim, mas por eu ser filha e estar escutando os pais em um momento daquele e não saber o que fazer.

Fechava os olhos, cantava baixinho, tampei os ouvidos me encolhi, mas os gemidos não saíam da minha cabeça.

Atualmente não tenho nenhum problema sexual, os remédios não tiram minha “libido”, não tenho compulsão, mas esse fato ficou marcado na minha lembrança. No entanto esse fato me deixou uma seqüela ... INSÔNIA, desde esse dia, meu sono se tornou irregular, “leve”, etc.

Tenho consciência também que não foi só isso que me levou a desenvolver um distúrbio bipolar de humor, mas que pode ter colaborado isso com certeza.

À noite

À noite quando me deito minha mente é um liquidificador, trituram-se idéias, mistura-se projetos, a cabeça chega a esquentar e animar-me.

A manhã chega e as idéias se foram e levam com elas toda aquela animação e motivação, chega a ser desolador, procuro rumo, ma o único que encontro está em meu travesseiro.

Chega a ser incômodo ver pessoas felizes, pessoas com seus pares, pessoas trabalhando e eu ali prostrada. Falta luz, falta harmonia, falta vontade.

A poesia da noite se esvaeresse no alvorecer, os pássaros não cantam mais, as estrelas não brilham mais, a vida é apenas noturna, no silêncio e na solidão.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

quem eu quero

Não esperava flores do meu amor,

Queria algo além de romantismo,

Talvez o que eu procurasse fosse um ser humano

Cultura nunca é demais

Não procuro quem me diz eu te amo,

Mas quem consiga conversar por sessenta minutos

Minutos esses sem falar de sentimento ou sexo

Sem perguntar como sou ou o que faço

O romantismo é o complemento da essência

Essência do amor.

Não procuro minha cara metade, já sou completa

Poderia até me autoamar em todos os sentidos

Mas procuro alguém que compartilhe comigo

Não só amor, mas palavras.

Não, não é um simples amigo.

É um ser humano capaz de compartilhar

Jamais somar ou dividir

Tão pouco me completar.

PAREM O MUNDO QUE EU QUERO DESCER.

As vezes me sinto um ET.

PAREM O MUNDO QUE EU QUERO DESCER.

Ou como diria o Marvin do filme Guia do Mochileiro das Galáxias, para que uma mente tão grande para ver o que vejo.

Não sei se sou idiota demais, ou inteligente. Prefiro nem gritar por Deus, ele deve estar envergonhado dos nossos parlamentares abrir uma sessão para interferir na decisão do presidente DE OUTRO PAÍS.

PAREM O MUNDO QUE QUERO DESCER.

Sinceramente não reconheço o parâmetro ainda entre meu distúrbio e minha realidade enquanto ser humano, eu me preocupo com o aquecimento global, e com a limpeza hospitalar. Me preocupo ler uma boa revista ao invés de ler o capítulo desta noite da novela.

PAREM O MUNDO QUE QUERO DESCER.

Há quem pare para ver um programa em que se entrevista uma mulher que canta palavrão, e há quem perca tempo procurando uma frase que caiba em qualquer ritmo. Fala sério né Sr. Jô Soares.

PAREM O MUNDO QUE EU QUERO DESCER.

Há quem ache mais importante uma IMC baixa do que a mulher saber filosofia. Ah e por favor não confundam filosofia com história da filosofia, está certo que sou consumista inveterada de conhecimento e cultura, mas gastar dinheiro e um bom tempo em viagem para escutar o que leio em qualquer livro didático de filosofia, isso é detestável.

PAREM O MUNDO QUE QUERO DESCER.

Seria eu um Et? uma bipolar? ou um ser humano normal?

O que querem de nós

É engraçado a Internet, principalmente os sites de relacionamento, o Paltalk em especial, pessoas se reúnem em salas, ditam regras a serem cumpridas dentro das mesmas, fazem amizades – quando querem - tocam suas músicas. Mas na realidade existe um outro interesse por trás: não se sentir só, arrumar seus pares.


Parece que não são só os bipolares que têm essa dificuldade de relacionamento. Seria cabível na nossa concepção um amor à distância, distância inclusive de países? Depois nós somos os loucos.


Paramos num programa ouvindo uma boa música, às vezes com um bom papo, e de repente, pluft!!! Sabemos da vida de uma pessoa, ela se confidencia conosco, sem saber quem somos, arrumamos um par para elas, elas se apaixonam, desabafam nas tristezas, nos desencontros, ajudamos amigos, os aconselhamos, um mundo fantástico em nossas mãos, somos DJs e psicanalistas, além de cupidos.


Doce ilusão, quando estamos de baixo astral essas mesmas pessoas não querem nos ouvir, não respeitam nossos sentimentos, querem curtir a noite e quer que você esteja ali, firme e alegre. Para animar a noite delas, mas elas se vão e você fica ali mentindo uma felicidade, mentindo que está tudo bem, e elas nem aí, já estão no sossego de suas camas.


Foi assim comigo, conheci amigos, rimos, formaram-se os pares, abri salas, fiquei sozinha na vida e na sala, até a última pessoa querer parar de tocar música, uma desconhecida ainda, pois os amigos que tanto queriam se divertir foram dormir, pois amanhã é outro dia.